Mitch Altman em foco. |
Quem esperava uma palestra sobre segurança, privacidade ou programação foi surpreendido na noite desta quarta-feira (31) na Campus Party Brasil 2018.
O hacker Mitch Altman, um dos principais nomes da edição deste ano, deu
praticamente uma aula de autoestima, empreendedorismo e estilo de vida.
Entre
outros temas, ele falou que estar presente pessoalmente é mais
importante até do que a internet, elogiou iniciativas de hackerspace
(inclusive citando o Brasil!) e contou um pouco da própria história de
sucesso como empreendedor, que para ele tem um significado bem diferente
do atual.
Apesar de elogiar comunidades como um todo, Altman sabe que elas também
podem fazer mal: ele mesmo conta que cresceu marginalizado nos grupos
sociais por ser acima do peso e gostar de temas geeks. Após vários anos
anestesiado pela programação da TV e fugindo dos próprios problemas (e
essas são palavras dele), o hacker começou a desenvolver projetos na
área.
O seu grande acerto foi o TV-B-Gone, um controle-remoto universal capaz
de desligar televisores públicos espalhados pela cidade. Ele criou o
aparelho em 2003 com o objetivo de fazer as pessoas interagirem entre si
e deixarem a tela de lado, mas acabou com 500 mil unidades vendidas e
matérias em jornais espalhados pelos Estados Unidos. O sucesso, além de
garantir estabilidade financeira, fez com que ele atualmente trabalhe
como consultor.
O que é um hacker?
Altman ainda explicou o que ele entende
como hacker e hackerspace. Não tem nada perto daquele conceito antiquado
de pessoas antissociais ou solitárias que só ficam programando ou
invadindo sistemas. “O hacker é uma pessoa que vê o mundo como algo
cheio de recursos”, explica. Isso significa saber identificar esses
elementos para serem explorados, testados e usados.
"Dessa forma, todo mundo pode ser um hacker e até “se hackear”, ou seja, aproveitar recursos e mudar a própria vida."
Altman
diz que ele mesmo fez isso ao emagrecer, conhecer novas pessoas e
passar a não ter vergonha dos seus gostos. E é possível hackear não só
pessoas e sistemas eletrônicos, mas artes, ciências, comida e até o
planeta inteiro.
Já o hackerspace envolve uma convivência saudável e colaborativa, um
local em que você pode ajudar e ser ajudado, tendo a disposição uma
estrutura suficiente para desenvolver projetos. Quem jogou Watch Dogs
2, por exemplo, tem uma boa ideia do que é um hackerspace com a união da
comunidade DeadSec.
O poder da comunidade
Altman cresceu com tecnologia e suas
ferramentas, mas ele prefere muito mais a convivência presencial a
espaços virtuais e até à internet. “Ela é importante e, se essa é a
única forma de juntar pessoas distantes, então é melhor do que nada”,
explica. Porém, a experiência mais completa é mesmo a física, como
acontece nos hackerspaces e na própria Campus Party.
Boa parte da
fala do hacker foi voltada para dizer o quanto essa união é importante.
“Evoluímos porque usamos nossos cérebros em comunidade em um ambiente
hostil”, afirma. Altman elogiou iniciativas como a Campus Party, que
traz uma ideia encorajadora de hackerspace com palestras, workshops e
convivência.
Ele criticou ainda o atual modelo de educação, que é mais baseado em
avaliações, e sugeriu mudanças para projetos com hands-on, mais prática e
gamificações para ajudar na transmissão dos conhecimentos.
Por
fim, falou também de empreendedorismo, que para ele não é sobre uma
ideia que vai gerar dinheiro. A melhor forma de ter sucesso seria fazer
algo que deixa você satisfeito e traz um sentimento de recompensa – e é
melhor ainda se isso trouxer a parte financeira para você se
estabilizar, mesmo se for um negócio pequeno, porém sustentável. Porém,
não tem como não achar esse um pensamento um pouco utópico demais nos
dias de hoje.
Ao todo, são mais de 6 mil hackerspaces espalhados
pelo mundo atualmente. Você pode conhecer mais sobre eles e até pegar
algumas dicas sobre como criar e manter o seu no site Hackerspaces.org.
Fonte: TechMundo
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